NOS ALIVE ’22 – 1º dia

The Strokes e Fontaines DC de um lado, Jungle e Stromae do outro. Uns melhores que outros, é verdade mas o ecletismo foi palavra de ordem no regresso a Algés
NOS ALIVE ’22 – dia 1

Estamos a meio de 2022 e voltou mais um festival. Parece mentira mas Algés vestiu-se novamente de NOS Alive e todos estavam sedentos de presenciar um dos festivais mais bem organizados e com grandes nomes da música em cartaz. 

Começamos om a boa disposição e doçura de Mallu Magalhães. A brasileira, a viver em Portugal já há alguns anos, tem aproveitado este pós-pandemia para divulgar o seu novo disco por vários pontos do país. No NOS Alive apresentou-se no palco principal com um look festivaleiro, a roçar entre os pantones de amarelo e o transparente, e começou com várias músicas do novo disco para antes de passar para os hits, aproveitar o momento para agradecer e mostrar-se grata por abrir um palco tão imponente como aquele. Foi em “Sambinha Bom” que alteramos a rota, em direção ao palco secundário.

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Perto das 18h30 lá estavam os Balthazar a animar um público já bastante apetrechado. Tendencialmente mais jovem, o público funcionou como um bom mote às guitarradas e sintetizadores dos belgas, já habituados a estas andanças desde 2005. O grupo indie-rock destacou algumas músicas do último álbum lançado em 2021, “Sand”. Mas foi nos hits que o ambiente contagiante se fez notar com mais exuberância.

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Voltando ao palco principal, foram os Jungle talvez a primeira grande banda a merecer um ambiente mais avassalador, até porque beneficiaram de uma série de circunstâncias: eram 19h30, o sol ia baixando pelo Passeio Marítimo de Algés e os festivaleiros que trabalhavam nesse dia começavam a encher um festival que ainda estava a meio gás. As sonoridades entre a eletrónica e a pop ecoavam da mesma maneira com que o sol batia nas nossas caras. Com a sequência a meio de “The Heat”, “Happy Man”, “Smile” e “Casio” cresceram as entoações – e até deu tempo para uma melodia a relembrar “Stayin Alive”, dos Bee Gees. É verão, e é bom poder vivê-lo com uma banda com tanto ritmo e efusiva como os britânicos. 

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O início da noite chamou por um dos grandes concertos. Os Fontaines D.C. entraram com toda a força para no palco secundário, com tal a quantidade de aguerridos fãs que não seria descabida uma oportunidade no palco principal (talvez numa próxima). A primeira vez da banda em Portugal era o mote perfeito para o punk se destacar a todo o gás e não desapontou de forma nenhuma. O quinteto natural de Dublin foi efervescente desde o primeiro minuto e as músicas ouvidas em disco soavam igualmente bem, com o bónus do espetáculo de toda a banda. Grian Chatten é um monstro de palco sem que necessite de grande interação com o público, que a cada música parece ainda mais freneticamente ligado a ele e aos Fontaines D.C..

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Se dúvidas existissem, felizmente o rock continua bem vivo e de boa saúde! A noite e escuridão já se faziam sentir mas havia The Strokes e Stromae para abrilhantar o palco principal. Enquanto se esperava mais um bocadinho de um, o outro excedeu completamente as expetativas. Mas vamos por partes.

O prenúncio não era bom indicador: 20 minutos de atraso para que Julian Casablancas e os restantes membros de The Strokes aparecessem no Palco NOS. Há mais de 10 anos que esta banda Nova Iorquina não estava no nosso país e o público esperou religiosamente – o rock n’roll tem também destas virtudes. O que não guarda grande memória é Casablancas e a sua outra banda, The Voidz, no Super Bock Super Rock com um dos piores concertos que um comum mortal poderia ver. Apesar de não se poder esperar um vocalista em grande forma, não seria descabido pedir-lhe algo mais aceitável. Já no NOS Alive, apesar de não ter sido excelente também não desapontou – o que nesta escala já é bem relevante. “Is This It”, a começar, chamou os festivaleiros mais distantes do palco principal, conjugando com um rock bem aprimorado dos restantes membros – Valensi e Hammond Jr. à cabeça. Casablancas mantém-se oculto arás de óculos de sol, talvez para camuflar um estado de espírito mais displicente que ia demonstrando a cada música. “Someday” e “You Only Live Once” são daquelas malhas com que todos vibram, e em dia de festa é isso que interessa. Mas quando acaba o reportório e não ouvimos “Last Nite”, a sensação de “isto podia ter sido um bocadinho melhor” sobe de tom. 

A seguir havia Stromae, um belga com raízes familiares no Ruanda que chegava pela primeira vez a Portugal, que é conhecido de antemão pelo seu sentido estético e de grande performer.

Vestido integralmente de branco e acompanhado por vários elementos de banda, Stromae recorreu desde o primeiro minuto a um grande jogo de luzes aliado à sua pop-dance – que dificilmente se aguenta com os pés no chão. Atrás do palco surgiram variadíssimas desenhos animados com o artista, e alguns momentos/coreografias para o público acompanhar. Foi isto que Stromae trouxe – um espetáculo em completo 360º.

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Entre musicas o belga foi tentando sucessivas vezes interações, curtas mas com significado, já que tanto saia um “obrigado” em bom português como diversas outras expressões em inglês e francês. E a verdade é que a sua música é multicultural e atravessou gerações ao longo de mais de 10 anos de carreira. “Alors On Dance” deixou todos em sobressalto (com a tal dança de Tik Tok), “Invaincu” dá ares do seu estilo virar também para o hip-hop (quando assim o quer) ou “Formidable” . Mas todos, todos, são exemplos de uma eletrónica virada para os quatro cantos do mundo. “Papaoutai” é o tema que lhe deu visibilidade, e foi impossível não ficar visivelmente emocionado, já que a música, sobre a morte do pai é mais do que um simples som ou mensagem – é o que o mundo precisa para se tornar um bocadinho melhor. É isso que pedimos – com Stromae a som de fundo!

Texto: Rui de Sousa

Fotografias: Jorge Pereira

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